.:: Relendo os clássicos brasileiros: os enfrentamentos no tempo e permanências

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Um feliz Natal e um 2004 repleto de realizações e partilha. Com carinho, Mara
30.11.03
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DOCUMENTO ANALISADO:

Projeto Pedagógico do Instituto de Educação Josué de Castro - Cadernos do ITERRA*

* ITERRA: Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

Este documento é resultado de um processo de Planejamento Participativo, concepção de educação libertadora. - uma perspectiva crítica sobre a escola e a sociedade, um ensino voltado para a transformação social. Além de um ato de conhecimento, a educação também é um ato político. (Ver Paulo Freire e Florestan Fernandes)
Este é, rigorosamente, um Projeto Político Educacional, contextualizado, com paradigma claramente socialista, que pretende uma sociedade igualitária, atento à problemática social de um grupo excluído da sociedade brasileira - agricultores sem terra. Ou seja, é um projeto que tem consciência que não tem força, por si só, da transformação (revolução) social, mas sabe que a revolução passa pela ação política da educação. A consciência e a organização podem construir-se a partir da escola, a revolução transcende seu espaço, necessariamente acontece no seio da sociedade.
O Projeto organiza-se da seguinte forma:
1º Situa a Escola no contexto social;
2º Posiciona a Escola na realidade social, cujo papel é formar pessoas -CIDADÃOS-, sujeitos do processo de transformação social;
3º Define suas concepções (utopias) de sociedade e de Escola - Que Escola para que sociedade?
4º Define seus Princípios Gerais e seus Valores;
5º Define seus Princípios Pedagógicos:
- Aluno,
- Professor,
- Métodos e políticas e estratégias de ação,
- Organização Curricular,
- Conteúdos,
- Processos de Avaliação.
6º Demarca a postura da Escola frente ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Define no seu Projeto, o engajamento social da Escola no processo desta revolução social.
Ainda, prevê no desenvolvimento do Plano:
- Mecanismos de controle de execução do Plano (acompanhamento do processo)
- Capacitação de Recursos Humanos.
Nossa própria práxis nos ajuda a compreender que a Escola tem, num sentido amplo, dois caminhos. Ingenuamente ou intencionalmente, pode estabelecer um projeto administrativo (que não é neutro, por isso, também político) que a organiza para uma eficiente ação para manter o status quo, a favor da hegemonia dominante. Ou, corajosamente, posiciona-se criticamente frente à realidade, e estabelece um projeto político que organiza um processo científico de transformação da realidade. Como reflete Paulo Freire, esta ação, necessariamente, corajosa, crítica, rigorosa, criativa, solidária,etc., não é suficiente para mudar o mundo, mas estará dando algumas boas contribuições, estará construindo consciências cidadãs e, também, conforme ele próprio propõe, ao transcender o espaço escolar, estará participando dos movimentos de transformação social.
Para a ousadia de um Projeto Educacional libertador, a Comunidade Escolar precisa unir-se, participativamente, ler nos livros dos textos (fundamentos teóricos) e ler no contexto sem os livros (desvelamento da realidade), para na consciência da opressão, encontrar o seu espaço, a coerência e a abrangência possível para a sua ação transformadora.

Para concluir, resgatamos a poesia política de Paulo Freire, no final do livro Medo e Ousadia:
[...] Ser um profeta significa estar firmemente no presente, ter os pés firmemente plantados na terra, de tal modo que antever o futuro se torne uma coisa normal. A imaginação, neste nível, está lado a lado com os sonhos. [...] Isto é o utopismo, como relação dialética entre denunciar o presente e anunciar o futuro. Antecipar o amanhã pelo sonho de hoje. p. 220
Nós, educadores, temos que ser profetas!


Reflexão colaborativa das colegas Carmen Castro e Tere





29.11.03
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Oba.... consegui!


Envio-lhes o texto escrito pela Leni e eu, após a análise do livro trazido pela Isabela na última aula:

"A leitura de 'Josué de Castro - Semeador de Idéias' permite conhecer o militante, humanista, oriundo da Paraíba. Tornou-se médico e livre-docente na área de Fisiologia. Foi professor da Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1952, tomou posse na presidência da FAO. Suas propostas de trabalho destacavam a necessidade de uma reserva alimentar de emergência, desenvolvimento de programos de cooperação técnica para melhoria e aumento da produção agrícola nos países do terceiro mundo, programas de capacitação de mão-de-obra e reforma agrária nas áreas mais pobres do planeta. Exilado, em 1964, morou em Paris, onde foi convidado a desenvolver um projeto de UNIVERSIDADE INTERNACIONAL de desenvolvimento no mundo, com um instituto de generalização da ciência e um instituto de técnicas da paz. O principal tema de seus estudos como cientista social foi a fome, discutindo-a como fenômeno social. Como exilado, não foi auxiliar na resistência ou em projeto contrários ao governo militar brasileiro. Ao contrário, demonstrava sua expectativa de que pudesse voltar ao Brasil e, como em um passe de mágica, tudo estivesse resolvido. Admitia não saber o que fazer para ajudar o Brasil".

Por enquanto era isso. Na próxima semana, não poderei ir à aula, mas se alguém puder me informar sobre o que for combinado, ficaria muito agradecida. Um grande abraço a todos. Liliana.





28.11.03
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A importância desejos de uma sistematização coletiva - Isabela Camini


Desde que fomos ao ITERRA, em Veranópolis, mudei alguns de meus conceitos a respeito do MST. Lá observei um modo de vida totalmente coletivo e que, para funcionar, organizado(Espinosa). Hoje, com a leitura do artigo de I.C. pude perceber ainda mais essa peculiaridade. Ao descrever a leitura dos números 1,2,3,4 da Coleção Fazendo Escola, Camini apresenta a organização, disponibilidade, responsabilidade e boa vontade dos verdadeiros autores dessa coleção. Com a sistematização e divisão das tarefas os participantes produziam e coletivamente finalizavam o testo. No meu entendimento, esse processo exige "acreditar no bem conjunto", pensamento distante do capitalismo em que vivemos.
Eunice.





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Desafios de uma sistematização coletiva . Cadernos ITERRA - reflexões sobre a prática

A autora Isabela Camini, então nossa colega nos remete a sua experiência na construção da Coleção Fazendo Escola - Experiências Pedagógicas no MST. Onde as pessoas envolvidas com seu trajeto e suas histórias não se sentiam muitas vezes aptas e capazes de escrever. E foi através de incentivos e de sistematização do coletivo que foi se aos poucos iniciando a proposta da escrita. E o mais interessante que por ser eles os sujeitos envolvidos e só eles poderiam contar sua história e não sob de outra forma nuitas vezes deturpada por outros meios.
Salete. Já tinha a experiência de postar mas como faz muito tempo perdi um pouco a prática de postar.





24.11.03
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Nair:
Legal tua colocação sobre o tamanho do texto para postar.Podemos linkar aqui- Instituto Florestan Fernandes - Assim, a página não fica sobrecarregada e ao mesmo tempo, todos podem ler o texto na íntegra, clicando no destaque. Quando tiveres um tempinho, se desejares, eu te mostro como fazer.

Bonamigo:
Se os textos dos quais falastes estão em algum site, também podemos linkar aqui.


A colocação feita para Nair e Bonamigo sobre linkar textos está aberta a todos.





23.11.03
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Ola Pessoal... estou enviando apenas a primeira parte de um texto do FF que encontrei na pagina www.iff.org.br, ou seja, na pagina do instituto Florestan Fernandes. O texto e muito bom e penso que contribui para as discussoes que estamos fazendo. Faltam ainda mais 4 paginas do texto que pode ser pego na sua integra no enderco colocado. Ficaria muito grande colocado todo por aqui. Há outros textos a disposição tambem na mesma pagina.
Vale a pena dar uma olhada!
Nair



Seminário:
FLORESTAN FERNANDES E O BRASIL Realizado em 26 de agosto de 1998.
Educação e democracia na trajetória de Florestan Fernandes
Eliane Veras Soares
*

"A grandeza de um homem se define por sua imaginação. E sem uma educação de primeira qualidade, a imaginação é pobre e incapaz de dar ao homem instrumentos para transformar o mundo" (Florestan Fernandes)


O tema "educação e democracia" talvez seja aquele, entre os selecionados para este seminário, que suscita de maneira mais contundente a dialética do cientista e do político presente na trajetória de Florestan Fernandes. José de Souza Martins prestou uma bela homenagem a Florestan Fernandes (e a todos que somos seus admiradores) com o texto "Vida e história na sociologia de Florestan Fernandes". Martins afirma que para Florestan Fernandes "há sempre uma espécie de processo educativo permanente nas relações sociais em crise" e que teria sido este fator que o levou a se interessar pela educação e pelo estudo sociológico dos processos educativos. Proponho aqui analisar de modo breve a dimensão que a educação assumiu nas diversas etapas da vida de Florestan Fernandes até chegarmos ao último período no qual desenvolveu suas posições frente à Assembléia Nacional Constituinte e ao Congresso Nacional.
Podemos dizer que o lugar da educação na trajetória de Florestan Fernandes é crucial, fundamental. Ela surge já na
infância, quando o menino Florestan ainda era chamado por sua madrinha de Vicente. Foi Dona Hermínia Bresser de Lima quem literalmente colocou o lápis na mão do pequeno Florestan. O convívio com esta família burguesa revelou ao futuro sociólogo que o mundo não se restringia ao universo dos cortiços nos quais vivia, mas que havia algo muito além do fundo do poço no qual ele e seus companheiros de rua se encontravam. Florestan abandonou a escola antes de completar a terceira série primária, mas já adquirira os padrões mínimos da curiosidade intelectual e do interesse pela leitura, bases que possibilitaram posteriormente, mediante a realização do curso madureza, seu ingresso na Universidade de São Paulo. A passagem pelo Ginásio Riachuelo funcionou como uma espécie de ressocialização e, ao mesmo tempo, como ponte para uma novo patamar de realizações:

"
>Se não era uma comunidade-escola tínhamos uma escola-comunidade, sob o seu impulso, a
minha imaginação se abriu para além do imediato, do cotidiano e para os grandes problemas da
literatura, da filosofia e da época [...] fugíamos das limitações intrínsecas à escola secundária
brasileira, completando o ensino que recebíamos, aliás de bom nível em termos relativos, pela
improvisação de uma fraternidade de estudantes voltados para a sistematização e intensificação
dos estudos".

O ingresso de Florestan Fernandes na Faculdade de Filosofia representou um marco, tanto para sua vida profissional e pessoal, quanto para a instituição e, em especial, para as ciências sociais. Para superar suas deficiências e lacunas intelectuais, Florestan tornou-se um estudante ímpar, totalmente dedicado ao curso, impondo a si mesmo uma rígida disciplina de trabalho:
"De princípio as coisas não possuíam muita clareza para mim. Mas já no segundo ano do curso
eu sabia muito bem o que pretendia ser e me concentrara na aprendizagem do ofício – portanto,
não me comparava ao bebê, que começa a engatinhar e a falar, porém ao aprendiz, que
transforma o mestre artesão em um modelo provisório."
Em pouco tempo ele mesmo passara a ser o modelo, o mestre. Superada a fase de formação pessoal, Florestan ingressa em um novo patamar de formação: o institucional. Como catedrático da cadeira de Sociologia I realizou sua maior obra de formação: constituiu um grupo de pesquisadores, de cientistas sociais, que marcou definitivamente o desenvolvimento das ciências sociais no Brasil e criou uma escola de interpretação dos problemas nacionais. Dialogando com os clássicos da sociologia (e também dos demais ramos das ciências humanas) Florestan Fernandes procurou refinar os métodos de investigação e análise para produzir um conhecimento mais profundo, um conhecimento radical da realidade brasileira.
Neste desbravamento sociológico formulou vários conceitos que permanecem válidos nos dias de hoje. Entre eles encontra-se a definição do dilema educacional brasileiro, desenvolvida nos anos 50.
"[...]Como ocorre em outros países subdesenvolvidos, ele é de fundo institucional. O sistema
educacional brasileiro abrange instituições escolares que não se ajustam, nem qualitativa nem
quantitativamente, a necessidades educacionais prementes, que são compartilhadas em escala
nacional ou que variam de uma região para outra do país. Daí ser urgente e vital alterar a
estrutura, o funcionamento e o modo de integração das instituições. O aspecto prático do dilema
revela-se neste plano: o reconhecimento dos problemas educacionais de maior gravidade e a
realização dos projetos de reforma educacional esbarram, inelutavelmente, com diversos
obstáculos, do apego a técnicas obsoletas de intervenção na realidade à falta de recursos para
financiar até medidas de emergência. Em resumo, o referido dilema possui dois pólos, ambos
negativos: primeiro, instituições deficientes de ensino, que requerem alterações complexas,
onerosas e profundas [...] Segundo, meios de intervenção insuficientes para fazer face, com






22.11.03
#
Gostaria de propor, para um dos encontros, além dos autores já combinados, o nome de Milton Santos. Andei procurando alguns textos deste também clássico brasileiro. Segue. Bonamigo

MILTON SANTOS


Mestre de verdade

Como seria bom se todos os acadêmicos e estudiosos brasileiros tivessem parte da dignidade e dos compromissos do professor Milton Santos. Mas, dá para entender, para chegar a ser como ele, é preciso conhecer na pele seu povo
Por José Antonio Toledo
As idéias revolucionárias do geógrafo Milton Santos renderam-lhe, entre um punhado de láureas pela vida, o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud em 1993 - espécie de Nobel dessa ciência. O professor emérito da Universidade de São Paulo, USP, tinha como uma de suas convicções que os pobres, por conhecerem a "experiência da escassez", têm de ser necessariamente criativos para sobreviver. Por esse raciocínio, Milton Santos via nos excluídos os legítimos portadores da "visão do real e do futuro", pois sentem cotidianamente na pele as mazelas da globalização e do neoliberalismo. Identificava neles os protagonistas de uma grande virada nesse jogo e, no Brasil, país que ostenta uma das piores distribuições de renda do mundo, um palco privilegiado para a guinada. Não à toa, nutria grande simpatia por movimentos como o MST.
Quem transita pelo centro de uma metrópole brasileira entende porque o geógrafo rebatizou a globalização da economia de globalitarismo, neologismo que agrega ao termo o sentido de totalitarismo. Isso porque a situação atual obriga o cidadão a submeter-se às regras do tal mercado para sobreviver. Umas das caras visíveis do globalitarismo é a multidão de ambulantes no centro de São Paulo, na maioria retirantes nordestinos, vendendo a preço de banana produtos high-tech fabricados, muitas vezes, com mão-de-obra semiescrava no Sudeste Asiático.
Concomitantemente, escancaradas as portas do país aos produtos estrangeiros, a indústria nacional vai a pique, jogando mais desempregados nas ruas. Sobre esse ciclo cruel, e o que ele acabará suscitando, Milton Santos afirmou no programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido em 1998: "Há um turbilhão, uma efervescência, de baixo, que a gente não está podendo captar completamente ainda, mas que há e que vai, um dia ou outro, confluir com a produção de idéias para forçar um outro caminho". O momento político atual, no Brasil e no mundo, corrobora cada vez mais essa tese.
Biografia incomum. Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, em 1926. Os pais, professores primários, o alfabetizaram em casa. Aos 8 anos, já havia concluído o equivalente ao curso primário. Neto de escravos por parte de pai, foi incentivado a estudar sempre e muito. Dos 8 aos 10 anos, por exemplo, quando vivia em Alcobaça, aprendeu francês e boas maneiras, sempre em casa, enquanto aguardava o tempo para ingressar no ginasial. Os benefícios de sua aplicação nos estudos o país nunca poderá negar, mas o geógrafo confessava uma frustração: embora Alcobaça seja um pedaço de terra entre o Oceano Atlântico e um rio, Milton, sempre às voltas com livros, nunca aprendeu a nadar. Da mesma forma, nunca participou das peladas e jamais entrou num estádio de futebol.
Já em Salvador, custeava suas aulas no colégio lecionando Geografia na própria escola aos alunos do que seria atualmente o ensino médio. Depois, incentivado por um tio advogado, cursou Direito. Diplomado, não chegou a exercer a profissão; prestou concurso público para professor secundário e foi lecionar Geografia em Ilhéus. Iniciou, então, carreira repleta de desafios, não raro impostos pela sua condição de negro. Rodou o mundo, estudando e lecionando, numa trajetória impressionante. Aprendeu e ensinou na Europa, Américas e África. Fez trabalhar em seu favor o doloroso exílio que a ditadura militar lhe impôs por treze anos.
Que o Brasil Não se esqueça dele e de suas lições. Num embate que durou sete anos, a morte acabou levando a melhor contra o geógrafo, no último dia 24 de junho (2001). Cedo ou tarde, ela vence, mas teve em Milton Santos um adversário incomum. Após o diagnóstico de um câncer, em 1994, ao contrário de esmorecer intensificou seu trabalho de intelectual, para a perplexidade dos que o acompanhavam de perto. Adepto da geografia humana, a que insere - e sublinha como principal objeto de estudo - o ser humano no mapa frio da matéria que aprendemos na escola, seus últimos anos de vida foram dedicados a dissecar a globalização da economia, enfatizando seu efeito devastador no Brasil, e propor saídas para que a população pobre não seja mais parte desse jogo apenas como vítima.
ALGUMAS IDÉIAS DE MILTON SANTOS
O recomeço da história
MILTON SANTOS
Vivemos em um mundo complexo, marcado na ordem material pela multiplicação incessante do número de objetos e na ordem imaterial pela infinidade de relações que aos objetos nos unem.
Nosso mundo é complexo e confuso ao mesmo tempo, graças à força com a qual a ideologia penetra nos objetos e ações. Por isso mesmo, a era da globalização, mais do que qualquer outra antes dela, exige uma interpretação sistêmica cuidadosa, de modo a permitir que cada coisa seja redefinida em relação ao todo planetário.
A grande sorte dos que desejam pensar a nossa época é a existência de uma técnica planetária, direta ou indiretamente presente em todos os lugares, e de uma política planetária, que une e norteia os objetos técnicos.
Juntas, elas autorizam uma leitura ao mesmo tempo geral e específica, filosófica e prática, de cada ponto da Terra. Emerge, desse modo, uma universalidade empírica, de modo a ajudar na formulação de idéias que exprimam o que é o mundo e o que são os lugares. Cria-se, de fato, um novo mundo. Para sermos ainda mais precisos, o que, afinal, se cria é o mundo como realidade histórica unitária, ainda que ele seja extremamente diversificado.
Ele é datado com uma data substantivamente única, graças aos traços comuns de sua constituição técnica e à existência de um único motor das ações hegemônicas, representado pelo lucro em escala global.
É isso, aliás, que, junto à informação generalizada, assegura a cada lugar a comunhão universal com todos os outros. Ao contrário do que tanto se disse, a história universal não acabou; ela apenas começa.
Antes o que havia era uma história de lugares, regiões, países. As histórias podiam ser, no máximo, continentais, em função dos impérios que se estabeleceram em uma escala mais ampla.
A vez da humanidade O que até então se chamava de história universal era a visão pretensiosa de um país ou continente sobre os outros, considerados bárbaros ou irrelevantes.
O ecúmeno era formado de frações separadas ou escassamente relacionadas do planeta. Somente agora a humanidade faz sua entrada na cena histórica como um bloco, entrada revolucionária, graças à interdependência das economias, dos governos, dos lugares.
O movimento do mundo conhece uma só pulsação, ainda que as condições sejam diversas segundo continentes, países, lugares, valorizados pela sua forma de participação na produção dessa nova história. Um dado importante de nossa época é a coincidência entre a produção dessa história universal e a relativa liberação do homem em relação à natureza.
A denominação de era da inteligência poderia ter fundamento nesse fato concreto: os materiais hoje responsáveis pelas realizações preponderantes são cada vez mais objetos materiais manufaturados e não mais matérias-primas naturais.
Na era da ecologia triunfante, é o homem quem fabrica a natureza, ou lhe atribui valor e sentido, por meio de suas ações já realizadas, em curso ou meramente imaginadas. As pretensões e a cobiça povoam e valorizam territórios desertos.
Todavia a mesma materialidade, atualmente utilizada para construir um mundo confuso e perverso, pode vir a ser uma condição da construção de um mundo mais humano. Basta que se completem as duas grandes mutações ora em gestação: a mutação tecnológica e a mutação filosófica da espécie humana.
A grande mutação tecnológica é dada com a emergência das técnicas da informação, as quais, ao contrário das técnicas das máquinas, são constitucionalmente divisíveis, flexíveis e dóceis, adaptáveis a todos os meios e culturas, ainda que o seu uso perverso atual seja subordinado aos interesses dos grandes capitais. Mas, quando sua utilização for democratizada, essas técnicas doces estarão a serviço do homem.

Por outro lado, muito falamos hoje nos progressos e nas promessas da engenharia genética, que conduziriam a uma mutação do homem biológico. Isso, porém, ainda é do domínio da história da ciência e da técnica.
Pouco, no entanto, se fala das condições ainda hoje presentes, que podem assegurar uma mutação filosófica do homem, capaz de atribuir um novo sentido à existência de cada pessoa e também do planeta.
Nesse emaranhado de técnicas dentro do qual estamos vivendo, o homem descobre suas novas forças. Já que o meio ambiente é cada vez menos natural, o uso do entorno imediato pode ser menos aleatório. Aumenta a previsibilidade e a eficácia das ações.

Ampliam-se e diversificam-se as escolhas, desde que se possa combinar adequadamente técnica e política.
O mundo misturado O mundo fica mais perto de cada qual, não importa onde esteja. Criam-se, para todos, a certeza e a consciência de ser mundo e de estar no mundo, mesmo se ainda não o alcançamos em plenitude material ou intelectual.

O próprio mundo se instala nos lugares, sobretudo nas grandes cidades, pela presença maciça de uma humanidade misturada, vinda de todos os quadrantes e trazendo consigo interpretações variadas e múltiplas que ao mesmo tempo se chocam e colaboram na produção renovada do entendimento e da crítica da existência. Assim, o cotidiano de cada qual se enriquece, pela experiência própria e pela do vizinho, tanto pelas realizações atuais como pelas perspectivas de futuro.
As ricas dialéticas da vida nos lugares criam, paralelamente, o caldo de cultura necessário à proposição e o exercício de uma nova política.
Ousamos, desse modo, pensar que a história do homem sobre a
Terra dispõe afinal das condições objetivas, materiais e intelectuais, para superar o endeusamento do dinheiro e dos objetos técnicos e enfrentar o começo de uma nova trajetória.
Aqui, não se trata de fixar datas para as etapas ou o início do processo e, nessa ordem de idéias, o ano 2000, o novo século, o novo milênio são apenas momentos da folhinha, marcos num calendário.
Ora, a folhinha e o calendário são outros nomes para o relógio, por isso são convencionais, repetitivos e historicamente vazios. O que conta mesmo é o tempo das possibilidades efetivamente criadas, a que chamamos tempo empírico, cujas mudanças são marcadas pela irrupção de novos objetos, de novas ações e relações e de novas idéias.

As condições materiais já estão dadas para que se imponha a desejada grande mutação, mas o seu destino vai depender de como serão aproveitadas pela política. O que, talvez, seja irreversível são as técnicas, porque elas aderem ao território e ao cotidiano.
Mas a globalização atual não é irreversível. Agora que estamos descobrindo o sentido de nossa presença no planeta, pode-se dizer que uma história universal verdadeiramente humana, finalmente, está começando.
D A D I S C R I M I N A Ç Ã O À C O N S C I Ê N C I A C O L E T I V A
Artigo escrito por ocasião dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
e publicado originalmente no Caderno Cidadão do Sesc-SP, 1999
O cinqüentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma ocasião para que seja retomada a discussão em torno da essência da vida humana e de nosso destino sobre o planeta, e constitui, desse modo, uma petição de princípios sobre a forma pela qual encaramos a construção da própria história.
Escreve-se essa Declaração logo após a Segunda Guerra Mundial, uma guerra sangrenta, travada em todos os continentes, pelos ideais de liberdade e com a ambição de ajudar a construir um mundo de paz e de igual oportunidade para todos os homens, independentemente de sua herança histórica e dos seus atributos individuais.
É nesse sentido que foram redigidos os seus artigos, inclusive o artigo VII, que estamos comentando: "Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação". A ocasião é propícia para que seja revista a trajetória dessa famosa Declaração.
Cinqüenta anos decorridos, verifica-se que os votos, ali sinceramente traduzidos, não puderam inteiramente ser cumpridos, seja pela força persistente de preconceitos ancestrais, seja pela produção de novos obstáculos ao exercício generalizado da igualdade e da fraternidade entre os homens. A assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos coincide com a entrada em cena, na história do mundo, de um novo ator: a globalização. Velho ideal da humanidade, esse desejado estágio supremo do internacionalismo chega com novas regras de sociabilidade, derivadas do próprio funcionamento da economia e da política entre as nações.
O império da competitividade distorce os relacionamentos e estimula uma espécie de guerra entre países, empresas, instituições, culturas, religiões e pessoas, produzindo uma vocação ao conflito, que acaba por ser um obstáculo à realização plena das possibilidades então entreabertas de mais concórdia entre os homens. De algum modo, novos totalitarismos se levantam e constituem o pano de fundo das formas novas ou renovadas de intolerância cultural, racial ou religiosa presentes em quase toda parte em nosso planeta.
A globalização atual torna-se urna espécie de globalitarismo e o exercício dos direitos individuais nem sempre se impõe corno uma rotina. Às vezes é preciso que haja espetacularização para que as vítimas de intolerância sejam consideradas. É verdade que, com a possibilidade atual de conhecimento do que se passa em qualquer ponto do planeta e a difusão da idéia de um mundo solidário por numerosas organizações mundialistas da sociedade civil de muitos países, muita coisa tem sido feita para tornar realidade os ideais dessa Declaração.
O alcance do tema é planetário. Mas a dificuldade para criar e tornar eficazes tribunais supranacionais que se incumbiriam de restaurar direitos conspurcados, mantém, ainda, em primeiro plano, o papel dos Estados Nacionais na consecução prática de tais objetivos humanitários. É verdade porém que, em muitos países, o elenco de leis existentes nesse sentido é insuficiente. Em outros, a lei existe mas não é cumprida e os mencionados preconceitos, nutridos no seio da magistratura ou da polícia, conduzem a interpretações que não dão inteiramente conta dos direitos dos postulantes.
É o caso, no Brasil, do tratamento que é dado ao preconceito de cor. A questão central é, pois, a ampliação da consciência social desses problemas, que traga respaldo efetivo - e não apenas cerimonial - às boas iniciativas e alivie a distância entre uma retórica ruidosa, cuja eficácia é precária, e a realização concreta dos direitos individuais. Sem a produção concomitante de uma consciência coletiva, a simples promulgação de princípios universais pode se tornar letra morta.
É nesse sentido que a celebração do cinqüentenário da Declaração Universal dos Direitos do Homem ganha toda a importância pedagógica e revela o seu conteúdo de esperança, tanto maior quanto ela puder suscitar o debate contraditório entre o simples enunciado sublime de idéias generosas e a realidade vivida nas diferentes sociedades nacionais.
OUTRAS IDÉIAS
Universidade

"A universidade é o lugar de intelectuais, o sujeito que dedica todo o tempo a busca da verdade, e também de letrados. Você pode ser um bom professor e um pesquisador. Tem espaço para os dois na universidade. Mas, é verdade também que, embora ela esteja formando intelectuais, ela tem produzido em maior número letrados. O espaço universitário se define por ser o lugar do livre pensar, de criar idéias e discutí-las. Esse é o sentido real da vida universitária. No entanto, acho que o clima atual não favorece a liberdade de pensar."
"Nesta fase de globalização, onde as coisas mais importantes são precedidas por um discurso ideológico, as idéias são apresentadas de forma confusa. Fica difícil criticá-las. (...) Uma das razões de hoje existir a tendência ao pensamento único, está dentro da própria instituição de ensino (...) A regra vigente é a regra do resultado. Não existe ética nesse contexto. O sistema universitário, no qual deveria prevalecer a diversidade de idéias, tem sido vítima da doença da globalização, isto é, a tendência a um pensamento único. E a universidade não tem defesa completa contra essa doença."
Informação
"Não há produção excessiva de informação, mas de ruído. Existem o fatos. As notícias são interpretação deles. Como as agências de notícias pertencem às grandes empresas, os acontecimentos são analisados de acordo com interesses pre-determinados. Muitos economistas que escrevem em jornais, por exemplo, publicam diariamente o desejo de empresas das quais são consultores. As notícias são publicadas como expressão da realidade e o discurso acaba se tornando hegemônico. É essa mesma indústria que transforma em best seller um livro do Jó Soares, antes mesmo do lançamento."
"Acho que o território é a mensagem. Nele, estamos todos juntos e separados. Somos conduzidos igualmente a um destino e obtemos resultados diferentes. Em Belo Horizonte, por exemplo, estão todos juntos: ricos, pobres, classe média, brancos, negros, índios. A técnica em si não é a mensagem. Ela só é utilizada por quem tem poder: as grandes agências de notícias, universidades, editoras e as igrejas locais. São essas instituições que seqüestram os meios."
Brasil
"O Brasil é um exemplo de pais para o qual a modernidade, em todas as fases de sua história nos últimos cinco séculos, impõem-se, sobretudo, como abertura aos ventos de fora. Como essa abertura foi quase sempre ilimitada e sem freios, a modernidade à moda brasileira é igualmente sinônimo de abandono. É como se aqui não fosse possível adotar as inovações criadas no mundo se não como cópia do pólo criador e difusor de novidades (Europa, depois os EUA...)."
"Recentemente, com o neoliberalismo, é frequente o abandono da idéia do nacional brasileiro, com a seducão de um imaginário influenciado por forte apelo da técnica e aceitação tranquila da força totalitária dos fatores da globalização."
"A vocação homogeneizadora do capital global é exercida sobre uma base formada por parcelas muito diferentes umas das outras e cujas diferenças e desigualdades são ampliadas sob tal ação unitária (...); é por este prisma que deve ser vista a questão da federação e da governabilidade da nação: na medida em que o governo da nação se solidariza com os desígnios das forças externas, levantam-se problemas cruciais para Estados e municípios".
Cidadania e Consciência Negra
"Ser cidadão, perdoem-me os que cultuam o direito, é ser como o estado, é ser um indivíduo dotado de direitos que lhe permitem não só se defrontar com o estado, mas afrontar o estado. O cidadão seria tão forte quanto o estado. O indivíduo completo é aquele que tem a capacidade de entender o mundo, a sua situação no mundo e que se ainda não é cidadão, sabe o que poderiam ser os seus direitos."
"O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país."
"Tenho instrução superior, creio ser personalidade forte, mas não sou um cidadão integral deste país. O meu caso é como o de todos os negros deste país, exceto quando apontado como exceção. E ser apontado como exceção, além de ser constrangedor para aquele que o é, constitui algo de momentâneo, impermanente, resultado de uma integração casual."







21.11.03
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b>PARABÉNS CARMEM LISIANE PELAS CONQUISTAS!!!!!!!!
AXÉ!!!!!
PARABÉNS A TODOS OS COLEGAS QUE VENCERAM O RITUAL DE PASSAGEM!!!!!
SUCESSO NA ENTREVISTA!!!!!!!
AXÉ!!!!
ASS. CARMEN CASTRO.
POA-20/11/03
SALVE ZUMBI!!!!!





20.11.03
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Aos Releitores de Clássicos brasileiros
Pessoal !!!
Aqui vai o texto da minuta na versão de abril, há outros postoriores que vou enviar quando a prender a fazer o que a Mara está fazendo desta vez, por meio de sua página pessoal.








18.11.03
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O Ardil dos Políticos - Florestan Fernandes

Para debatermos o presente artigo se torna importante situarmos o momento histórico em que o mesmo foi elaborado o qual perpassava os fins da década de 1980 no Brasil. Este período caracterizava-se por serem os anos iniciais daquilo que foi denominado de redemocratização, subseqüentes aos 20 anos de ditadura militar que solapou o país nos idos de 1964 a 1984.
A partir aí, apesar de um intenso movimento pelas eleições diretas no ano de 1984, a emenda constitucional que permitiria as eleições diretas para presidente fora rejeitada na Câmara dos Deputados recebendo apenas 298 votos do total dos 320 necessários para a sua aprovação. Assim, a eleição do presidente da república permanecia nas mãos do Colégio Eleitoral.
Esta disputa deu-se entre o candidato do Partido Democrático Socialista (PDS) que lançou o então deputado federal Paulo Maluf como seu candidato, contra o candidato da Aliança Democrática, formada pela Frente Liberal (dissidência do PDS), e pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) que lançam o nome de Tancredo Neves, numa chapa que tem como vice o deputado José Sarney, até recentemente político importante do PDS. Cabe salientar que o PMDB se tratava do herdeiro do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido que se forma após o ato institucional de 1965 que impunha a extinção dos partidos políticos existentes naquele momento e institui o bipartidarismo. O MDB, caracterizava-se como um partido de 'oposição' permita durante o regime militar em contrapartida à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que representava o governo.
Neste processo, Tancredo Neves era eleito para presidente da República pelo colégio Eleitoral, cargo que não chegou a desempenhar devido a sua morte no período posterior a sua posse. Neste contexto, José Sarney, seu vice, assumia interinamente o cargo que governou de 1985 até o ano de 1989.
É importante salientar que, em 1985, o governo Sarney restabelece a eleição direta para a Presidência da República (a qual ocorreria após o seus cinco anos de mandato) bem como são legalizados todos os partidos políticos, incluindo o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B). O partido Socialista Brasileiro (PSB) é recriado. Neste ano também aparece o Partido dos Trabalhadores (PT) que havia sido fundado ainda em 1979, no interior do movimento sindical do ABC paulista tendo como sua principal liderança Luis Inácio Lula da Silva (Lula), que posteriormente seria candidato a presidente e derrotado em três ocasiões: 1989, 1994 e 1998.
No período do governo Sarney também acompanhamos entre 1987-1988 os trabalhos dos deputados federais e senadores em torno da Assembléia Nacional Constituinte que, em 05 de outubro de 1988 promulgou a nova Constituição.
Outro fato ocorrido neste último ano (1988) foi a dissidência do PMDB que formou o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) com um programa de perfil reformista que terá como candidato vencedor das eleições posteriores dos anos de 1994 e 1998 o Sr. Fernando Henrique Cardoso (FHC).
O ano de 1989 (ano em que Florestan Fernandes redige o artigo "O ardil dos políticos") seria então marcado pelas primeiras eleições diretas para Presidente da República desde 1960, tendo como principal candidato Fernando Collor de Mello, ex-governador de Alagoas, que derrotou no segundo turno das eleições o candidato do PT, Lula. Entre as promessas de campanha de Collor de Mello estavam o fim da inflação, a moralização da política e a modernização econômica do país com a diminuição do papel do Estado.
Contudo, em 1992, sob o peso de escândalos e acusações de fraudes e corrupções, a Câmara dos Deputados aprova o processo de impeachment de Collor, que é afastado da Presidência, dando espaço para o vice-presidente, Itamar Franco, assumisse o governo interinamente até o final de 1994.
Neste ano (1994) era lançado o chamado 'Plano Real', plano econômico deste governo, lançado em julho por Fernando Henrique Cardoso, ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, com medidas para conter os gastos públicos, acelerar a privatização das estatais, controlar a demanda por meio da elevação dos juros e facilitar as importações.
No ano seguinte (1995), Fernando Henrique Cardoso assumia o cargo de Presidente da República, após ter sido eleito no ano anterior, com o apoio de seu partido (PSDB) bem como pelo Partido da Frente Liberal (PFL). Em segundo lugar naquela eleição, ficava novamente o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva.
Entre os anos de 1995 e 1997, as políticas governamentais que predominaram estiveram ligadas à estabilidade econômica e às reformas constitucionais necessárias para atrair investimentos estrangeiros para o país. Derruba-se o 'monopólio' em setores como petróleo, telecomunicações, gás canalizado e navegação de cabotagem, bem como privatiza-se grandes empresas estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce. Em 1997 o governo também investia toda a sua força política para conseguir a aprovação da emenda que permite a reeleição dos ocupantes de cargos executivos.
Em 1998, nas eleições gerais, o presidente FHC consegue reeleger-se para mais um mandato de quatro anos, o qual desempenharia de 1999 a 2002.
Em 2002, finalmente o candidato do Partido dos Trabalhadores conseguiu reeleger-se
após o confronto, no segundo turno das eleições presidenciais, com o candidato José Serra, que desempenhara o cargo de Ministro da Saúde do governo FHC e representava a continuidade política do governo anterior. Contudo, a vitória do PT deu-se sob as bases de uma aliança com o Partido Liberal (PL), o qual garantiu o nome de José Alencar para o cargo de vice-presidente da república.
Nesta rápida contextualização da história política brasileira das últimas décadas do século XX destacamos que Florestan Fernandes esteve ativamente envolvido na busca de defender o projeto histórico da classe trabalhadora marcando sua ação desde o processo de criação do Partido dos Trabalhadores bem como vivendo intensamente a vida pública através da ocupação de cargos políticos no âmbito do estado de São Paulo e do governo federal. A educação estava entre as suas principais causas de luta. Penso que podemos dizer que é deste ponto de vista que este pensador escreve o texto "O ardil dos políticos".


Nair






17.11.03
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Olá Pessoal!!!
Tenho duas notícias muito, mas muito boas!...
Passei na prova escrita da UFRGS e da UNISINOS!!!!!!!!!!!!!!
Agora, a espera pela entrevista em dezembro, na UFRGS... ... ...
Nesta terça, 18/11, não poderei ir a aula, estarei na UNISINOS pela manhã para entrevista e pela tarde assistirei a defesa de dissertação de uma amiga sobre um programa de formação para professores em Rondônia, intitulada: "A formação do professor leigo em Rondônia - trajetória de sonho e espera/esperança", depois eu conto...
Beijos, Carmem Lisiane






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TEXTO O ARDIL DOS POLÍTICO DE FLORESTAN FERNANDES

No texto, O ardil dos políticos, Florestan Fernandes desvela e denuncia a "capacidade" da elite dominante em produzir mecanismos que objetivem assegurar a sua dominação.
Para isso não titubeia, é capaz de lançar mão de estratégias como a da "fabricação" de candidatos que se apresentam como sujeitos assépticos, isentos da " tão prejudicial " contaminação política.
O texto é rico e denso, no qual F.F. não somente desnuda a "pretensão" da elite dominante em apropriar-se da História, assumindo para si a capacidade e o direito de "criá-la", conduzí-la, como também, chama a nossa atenção de que " as forças sociais que constróem a história de uma nação [...] não estão à venda nem podem ser controladas a partir de um centro inviolável de poder."

Silvana





16.11.03
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Aos mestrandos e doutorandos do TRAMSE:

Pessoal, por favor mandem seus dados e uma foto para a Suzana poder colocar na página do TRAMSE. Até agora apenas cinco de nós mandaram. Ela está esperando. Podem mandar para o email dela.





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Isabela:
Desejo que tua fala no Encontro deixe sementes assim como aquelas que Florestan deixou e que parecem, frutificam em ti.

Frutificam na indignação frente a uma sociedade injusta, elitista e que sabe como ninguém sufocar, das mais variadas formas, a luta de tantos. Frutificam, no trabalho cotidiano de educadores que negam-se a ser simples aplicadores de fórmulas mágicas e insistem em se implicar na educação.

Beijo,







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Caros colegas, na próxima terça-feira não poderei estar em aula. Estarei em Rio Branco - Acre, no I Encontro de Educação do Campo e da Floresta da região Norte fazendo uma fala sobre a "Identidade da Educação do Campo". Nesses últimos dias, enquanto me preparava para este trabalho, também me debrucei sobre os textos de Florestan Fernandes, que, aliás, quanto mais leio e dialogo com ele, sinto que ele foi um educador do seu tempo, que nos deixou um legado fantístico, rico, crítico. Responsável e profundamente humilde em sua sabedoria, soube viver com dignidade todos os momentos de sua vida enquanto sociólogo e educar na Universidade. Lendo o discurso dele na Maria Antônia, texto que escolhi para continuar o diálogo com ele, me chama a atenção algumas passagens que quero partilhar com vocês quando se refere ao ensino superior:
1ª - "A má situação do ensino, a diversidade do ensino público que advém não apenas da falta de recursos, mas advém também da tentativa de sufocar a democratização da consciência crítica através da cultua, da pesquisa construtiva e criadora".
2ª - "Aos desiguais é preciso dar oportunidades desiguais, oportunidades ao estudante pobre, ao negro, ao indígena que varou as barreiras da segregação étnica, àqueles malditos da terra, os trabalhadores mais sacrificados do Brasil, jogados em diferentes áreas de miséria no campo e nesta selva que nasceu dentro da megalópole, da metrópole, das pequenas e médias cidades, todas inchadas, todas explodindo, porque têm necessidades humanas que preicsam ser atendidas".
3ª - "As Universidades não são mais humanidades, nós não vemos professores, estudantes e pessoas que estão fora desse circuito debaterem de uma maneira viva o conhecimento ou as utopias.. Cada qual quer tomar nota de suas aulas o mais depressa que pode, ou então desempenhar o papel obtido pelo professor que deveria ensinar. Ou seja, querem todos terminar logo o trabalho de grupo de estar esperando uma dada realidade que lhes foi imposta como objeto de discurssão".
4ª - "Temos de indagar se o Brasil tem alguma perspectiva dentro dessa civilização, se nós não temos a capacidade de construir uma Universidade nova como alimcerce da renovação, da civilização, no sentido exato de eliminar a barbaria e de criar uma sociedade verdadeiramente democrática, igualitária, e na qual prevaleça a felicidade humana".
   Bem, o texto todo é interessante, carregado de verdades e críticas a um espaço educativo que não cumpre o seu verdadeiro papel de educar as novas gerações para serem agentes de transformação social. Em 1960, já pleno de sabedoria Florestan consegue ver, refletir, sistematizar e socializar publicamente os "nos" do ensino universitário. Com certeza, se ele estive vivo hoje, estaria também indignado com a realidade que estamos vivendo no ensino em todos os níveis. Embora tenha nos deixado tantos escritos e tantas lições de pedagogia, nos faz muita falta hoje um educador/sociólogo como ele, para ver e sentir o mundo de forma apaixonada, sendo capaz de nos fazer sonhar com um Brasil melhor.
Abraços, Isabela Camini
17/11/03.





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Tarefa para 18/11
Considerando o "Ardil do Político", qual contribuição de Florestan Fernandes posso compartilhar com os colegas?


Lembrando ainda:Não esquecer que até 18/11 precisamos organizar o calendário de janeiro. Portanto, sugestões de como aproveitar a bibliografia devem ser encaminhadas aqui. Carmen Lucia





14.11.03
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oi é vera testando




11.11.03
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testando, consegui, até mais
Silvana







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Oi pessoal, aqui é a Silvana




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Faltou agregar um comentário em minha lista de comentários.

Parece que para FF Reforma e Revolução são parte de um mesmo projeto.
É assim? Se isto é assim, é em Rosa Luxemburgo que ele toma esta compreensão?

Eliete





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Desculpem a falta de prática.

Me esqueci de assinar.

São idéias que considerei principais no texto. Lamento que seja um pouco tarde.

É que em minha casa de Porto não tenho computador.

Beijos. Eliete.





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Consegui !!!!!!! É a Carmen Castro da história. Obrigada Mara!!!!!!!!! Valeu!!!!
Sobre FF a leitura da entrevista Tempo Social concedida em 12 de julho de 1995, para Fátima Murad, jornalista de SP, FF se superou. FF discorre sobre temas de política brasileira e, em especial, do atual governo de FHC.





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Comentarios sobre o texto.

* FF seria um intelectual orgânico? Se pode dizer o mesmo de Anísio Texeira?

Para a escola ele propõe:

Desburocratização, ausência de repressão, democratização,

O trabalho interno da escola não pode ser exitoso sem:

Autonomia, independência econômica, emancipação nacional, revolução democrática. O dinheiro público deve ser exclusivamente destinado para as escola públicas.


A educação é uma arma. É o problema numero 1 de nosso país. (p124)

Se o setor privado põe dinheiro na educação, é lógico que ele vai querer ditar o que ela deve fazer (90)

Para FF a autonomia é impossível no capitalismo. (207)

Com a dependência econômica a descolonização impossível (84)

A escola Única para FF é um mito, que não poderá ser realizado dentro do capitalismo.


Relação professor aluno. Ele propõe:

Igualdade, liberdade, valorização do conhecimento, relação com a comunidade (131)


Formação do professor ele propõe:

Re-educação, formação sob a ótica dos de baixo (44)

A história:

A ditadura militar destruiu o pouco que se tinha construído da universidade brasileira durante a primeira metade do século XX.
Nos anos 60 a universidade poderia se considerada mais orgânica do que hoje? O trabalho da ditadura foi aprofundar
a o abismo entre a sociedade e a universidade..

Nos anos 60 a universidade questiona a sociedade. Hoje a sociedade questiona a função da universidade. 176-178

A elite nacional, com o acordo Mec-Usaid, destruiu a elite intelectual orgânica brasileira, comprometida com as classes populares, os de baixo e se impôs como monopólio intelectual para o país. (180).

O conflito mundial entre capitalismo e socialismo, que se deu nos anos 60/70, resultou em uma grande derrota para o socialismo. (187)

Na América Latina esta derrota foi alcançada através da repressão e da ditadura militar em várias de nossos países, e a morte de milhares de intelectuais, sindicalistas, membros de comunidades organizadas e de partidos...(meu)

O resultado foi que a universidade se fechou. (188)

O conhecimento relevante passou a ser pouco valorizado (194)


Relação educação X trabalho produtivo - 263/88






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Até que enfim, consegui, mas com ajuda de alguém muito especial. Abraços, Isabela.




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Caros colegas, estou fazendo um teste. Isabela Camini




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Caros colegas, estou tentanto me conectar com vocês pela primeira vez, mas com a ajuda de um bom técnico. Sozinha não consegui. Em breve vou iniciar minha comunicação através deste meio de comunicação. Agora está sendo a primeira experiência. Abraços, Isabela Camini




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Estou testando

Eliete





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Eu estou querendo testar

Eliete





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Testando

ELIETE





10.11.03
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Cometi de novo o mesmo erro!
Postei no lugar errado. Estou corrigindo enviando para o local correto.





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Nair!
Parabéns pela estréia no blog. Qusetionamentos nunca são demais!
São sempre o que nos ocorre na leitura de um texto!
É como se nos fosse possível conversar com o autor e percorrer os caminhos que ele abre para si e para nós enquanto leitores.
Quando falamos em reler, como um ler de novo, podemos incursionar no pensar deixado por outros.
Por exemplo, o que outros estão a dizer para o próprio F.F. e para outros leitores sobre ele?
Quais as fronteiras entre este pensar e ...
E os outros que ainda não estão ousando questionar o texto? Ou será uma questão de tecnologia?
Não se trata apenas de incorporá-la. Como podemos nos apropiar dela sem uma submissão?
Há como fazer sem tentar?





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Ola pessoal..
Gostaria de colocar algumas questões para 'começo de debate' da próxima aula acerca do livro 'O desafio educacional' . Eu destacaria alguns pontos que senti necessários abordarmos, dentre os quais passo a destacar:

1. Gostaria de entender melhor, pois para mim não ficou claro, o que F.F. quer dizer em duas afirmações que ele faz no primeiro texto do livro "Profissão de Fé", que dizem respeito às versões do marxismo ou de sua coerência vinculada à práxis desta teoria.
As dúvidas se colocam nos trechos..
"A educação sempre fez parte de minhas cogitações intelectuais e práticas. Enquanto estudante, cultivei uma utopia pedagógica que não se coadunava com o socialismo, em particular com sua versão marxista que perfilhei muito cedo, graças à participação no movimento subterrâneo da IV Internacional contra o Estado Novo. Foi como professor assistente de Sociologia os cursos dados nas seções de pedagogia e de Filosofia, que as coisas entraram em seu lugar, na minha cabeça." (p. 07)

"... Como associar educação e mudança social sem considerar que ambos são realidades políticas e que os professores são tolhidos pelos nexos profissionais e institucionais de sua carreira? Carreguei comigo as ilusões que me levaram ao curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, dotadas de um sentido iluminista e, contraditoriamente, voltadas para a transformação socialista do homem, da civilização e da sociedade. Imaginariamente, mantive-me como um intelectual orgânico dos oprimidos e dos trabalhadores, onde se lançam as raízes psicológicas mais profundas de minhas origens. Intelectualmente, fiquei preso ao "mundo da universidade" e às limitações que ele opõe ao radicalismo intelectual e a uma pedagogia socialista." (p.07/08)

a) Parece-me que o autor vem reconhecer uma espécie de "ingenuidade" teórica sua no período ao qual se refere, ou de incompreensão dos limites de transformação da realidade a partir da transformação da instituição universitária. (Seria isto?) Além de também questionar, no parágrafo subseqüente a este segundo que cito, o tipo de 'funcionalismo' que predominava nas décadas de 1930, 1940 e 1950 que poderiam tê-lo influenciado teoricamente.

b) A questão que o autor coloca : "... Como associar educação e mudança social sem considerar que ambos são realidades políticas e que os professores são tolhidos pelos nexos profissionais e institucionais de sua carreira? poderia também (de uma forma atualizada) servir de elemento para nossas discussões .


2. Gostaria que pudéssemos debater a correlação deste autor com o autor anteriormente estudado, ou seja, Anísio Teixeira, onde poderíamos destacar os seguintes elementos:

a) a questão educacional, polêmicas, problemas educacionais brasileiros, tiveram mudança em relação ao período das obras estudadas de Anísio Teixeira (Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova) e da atual obra estudada (O desafio Educacional). Estes problemas foram resolvidos, permanecem os mesmos ou foram aprofundados??

b) visto que F.F se refere, em diversos momentos de seu livro, a questão histórica da educação brasileira se remetendo ao Movimento Escolanovista e seus interlocutores brasileiros: qual é a visão que F.F expressa sobre este Movimento e seus defensores?
Penso que, entre outros trechos menores do livro, o texto "Os dilemas educacionais: passado e presente em perspectiva" (p. 226) nos trazem bons elementos para este debate.

3. Qual o entendimento de educação que F.F nos traz, ou seja, o que é a educação para este autor? Qual a função e o papel desta que ele defende? Neste sentido, podemos levantar também as críticas que ele faz ao atual modelo de educação brasileira?

4. Ainda, qual a função e o papel da escola e da instituição universidade que o autor defende ?

Obs: Sobre as questões 3 e 4, penso que podemos encontrar elementos em vários pontos do livro.

5. E acerca da questão "Quem educa o educador?" citada já na página 07 e retomada mais detalhadamente na segunda parte do livro, o que pensa F.F.?

6. Quais os elementos que podemos encontrar na obra sobre o projeto de sociedade que o autor defende? E qual seria a relação da educação com a construção deste projeto social?

7. Quais as observações que o autor traz sobre a 'natureza da mudança'? p. (166) Penso que é um elemento chave para compreendermos algumas das questões que coloquei.


Bem.. talvez seja demasiado o número de questões que trago, mas penso serem, para mim, o mínimo necessário para alguém que esta tendo, infelizmente somente neste momento (como é o meu caso), o seu primeiro contato com este nosso celebre pensador brasileiro.

Saudações Acadêmicas a todos(as)!

Nair.






9.11.03
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Colegas, apenas testando.....
Abraços Tere





8.11.03
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Colegas:

No dia 15 de novembro, às 18 horas, será lançado na Feira do Livro da colega Silvana Maria Gritti, intitulado Educação Rural e Capitalismo - UPF Editora.






7.11.03
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Caso alguém não tenha ainda instalado o bloggar, e desejar o post com as explicações, é só clicar no arquivo do mês de outubro e o post aparecerá.




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Oi colegas!

Todos conseguiram instalar o bloggar?
Procurem dar uma lida em tudo que já foi postado. A Carmen já colocou a tarefa para terça feira.
Bom fim de semana a todos e, como diria o mestre Freire, a todas!





6.11.03
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Desta vez respondi corretamente ao solicitado e estou conseguindo postar! Ainda bem!
Lembram da proposta de trabalho?
Coloquem seus questionamentos no Blog. Inicaremos nossa pr?xima aula por eles!
Abraços a todos e saudaç?es eduucativas!!!
Carmen, a Lucia...





5.11.03
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Estou somente testando os procedimentos para confirmar as orientações da prof. Mara
Bonamigo





4.11.03
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Olá Pessoal!
Estou aqui, mostrando para a Carmem como postar.
Mara





3.11.03
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Olá Pessoal! Estou testando... e conhecendo o ambiente! Ficou ótima a criação "Relendo os Clássicos", a paisagem, tudo... Vamos ver como vai funcionar! Até terça! Carmem Lisiane




1.11.03
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Pessoal!

Como vocês observaram no programa, os trabalhos ao final do seminário deverão ser apresentados conforme sugestão de leitura incorporada ao programa da disciplina. Seria interessante que cada um registrasse aqui, sua proposta de leitura para que possamos agendar a apresentação dos trabalhos.